A palavra accountability pode até soar nova para você. Mas, no dia a dia, falamos desse tema o tempo todo. Falamos de accountability (ou da ausência dela), quando reclamamos que as pessoas não têm responsabilidade, não cumprem os prazos e não cuidam das tarefas até o fim. Quando falta iniciativa e sobram desculpas.

Accountability é a qualidade que desejamos nas pessoas quando queremos que elas sejam mais proativas e capazes de se antecipar ao problemas. Pessoas com accountability geralmente agem com mais protagonismo, não se escondem dos desafios e demonstram um senso de dono.

Com equipes cada vez mais enxutas e descentralizadas, que precisam trabalhar com autonomia em cenários de grande mudança, se tornou essencial para as empresas estimular atitudes de accountability nas pessoas. Mas, para que isso ocorra de forma sustentada, é preciso entender as várias dimensões desse conceito.

Existem pelo menos duas formas de pensar sobre accountability: como uma atitude individual ou, então, como uma relação entre as pessoas e uma habilidade a ser desenvolvida.

Pensada como uma atitude individual, accountability pode ser definida como “a escolha pessoal de se erguer acima das circunstâncias e demonstrar o grau de responsabilidade necessário para atingir os resultados desejados”.

Essa definição é de Roger Connor, Tom Smith e Craig Hickman, autores do livro O Princípio De OZ: Como usar o accountability pra atingir resultados excepcionais. Para entender esse conceito, fica mais fácil pensar também no que não é accountability, como mostra a figura a seguir:

O caminho para accountability requer abandonar a postura de vítima ou refém – em que nos vemos como impotentes e atribuímos a outras pessoas (ou a fatores externos) a responsabilidade por tudo que acontece conosco –para assumir uma atitude de protagonismo. Significa substituir uma mentalidade “below the line” por uma perspectiva “above the line”. Mas o que isso significa?

 

Quando adotamos uma perspectiva below the line, temos dificuldade para enxergar o problema ou para reconhecer qual é a nossa responsabilidade: como nosso comportamento contribuiu para que o problema ocorresse e o que poderíamos ter feito para evitá-lo ou resolvê-lo.

Tudo que acontece conosco é visto como obra do destino ou responsabilidade de outras pessoas. Se chegamos atrasados, é sempre culpa do trânsito (ignorando-se o fato de que poderíamos ter saído um pouco mais cedo).

No below the line, As pessoas se mantêm reativas, alternando-se entre a negação, as justificativas e culpabilização: Não é minha culpa! Eu não posso fazer nada! Preciso que alguém resolva!

 

A perspectiva above the line implica assumir a responsabilidade e focar nas coisas que estão sob o nosso controle (aquilo que somos capazes de influenciar com o nosso comportamento). É reconhecer que, em qualquer situação, nós temos sempre alguma habilidade de responder, agir e fazer escolhas.

Adotar essa perspectiva é se enxergar como alguém capaz de impactar e de aprender com o que acontece à sua volta: Como eu posso ajudar? O que eu poderia ter feito diferente? Que outras opções eu tenho?

Não somos super-heróis. Por isso é normal e até saudável que, em algum momento, todo mundo assuma uma postura below the line. O problema é querer permanecer por lá e não assumir a responsabilidade pelo próprio desenvolvimento e as consequências de suas escolhas.

Isso é accountability! Uma qualidade que, junto com um mindset de crescimento, nos ajuda a superar dificuldades, aprender com erros e lidar bem com a mudança, nos mantendo equilibrados e produtivos em diversos cenários.

Todos nós buscamos alguém em que possamos confiar e que não nos deixe na mão. Mas accountability é algo intrínseco. As pessoas precisam escolher por si próprias agir com a accountability. Essa atitude, porém, pode florescer melhor em condições favoráveis de liderança e cultura.

Para saber mais sobre esse tema, não perca os outros artigos desta série especial sobre accountability.