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O líder em quarentena: desafios e insights para a liderança

Ninguém esperava! Pessimistas e otimistas, fomos todos surpreendidos pela Covid-19 e seus impactos na vida das pessoas e na economia. O cenário é de incerteza: cientistas ainda buscam entender mais sobre vírus e nós ainda estamos aprendendo como nos adaptar a esse novo cenário e nos preparar para uma retomada.

É cedo para cravar perspectivas. Muita coisa pode acontecer depois da quarentena, a começar pelo comportamento das pessoas: ficaremos mais receosos com o contato social? Ou vamos buscar atividades divertidas que nos recompensem por todo o sacrifício do isolamento social? Talvez as duas coisas.

Por isso, esta série de artigos não fala sobre futuro. São apenas reflexões sobre o presente e sobre os desafios da liderança no contexto em que vivemos. Uma forma de dizer aos gestores que, mesmo em isolamento social, eles não estão sozinhos: como líderes, todos estamos tendo que nos reinventar nesse momento, mesmo sem ter todas as respostas que precisamos.

 

#1 A quarentena é uma combinação insólita de rotina e anormalidade

Em tempos de isolamento social e trabalho remoto, os gestores caminham numa linha tênue entre a rotina e a anormalidade. Precisam fazer todo o esforço para garantir a continuidade das operações, reconhecendo ao mesmo tempo que vivemos uma situação absolutamente atípica, com impacto em toda a sociedade.

Se, como gestor, eu ignoro totalmente os esforços para garantir certa normalidade, corro risco de entrar num clima de desespero ou de apatia que contamina toda a equipe. Os projetos e as rotinas são negligenciados, assim como a relação com o cliente. Os processos podem entrar em colapso e a empresa deixa de enxergar alternativas ou oportunidades, o que vai ser desastroso para a retomada dos negócios.

Por outro lado, não é possível ignorar que vivemos uma situação totalmente anormal, que exige atitudes diferentes de gestores e empresas. Querer indiscriminadamente manter a pleno vapor todos os projetos (sem uma análise crítica) e não reconhecer as peculiaridades e os desafios da situação que vivemos fazem do líder um alienado ou alucinado. As equipes estão trabalhando de casa (com crianças, cachorros e almoço para fazer), há riscos sanitários, incertezas econômicas e mudanças no mercado consumidor: tempos diferentes pedem posturas diferentes do gestor!

#2 A quarentena põe uma lupa sobre os medos e emoções do gestor

Somos humanos. E cenários de incerteza e mudança, como o que estamos vivendo, só potencializam nossas emoções e medos e acentuam as nossas preferências. Por isso, são uma oportunidade ou quase um impositivo para a tomada de consciência pelo gestor.

No home office, por exemplo, líderes controladores sofrem muito com a impossibilidade de acompanhar de perto o trabalho da sua equipe. E têm o grande desafio de desenvolver a confiança na sua equipe, sem achar que o trabalho autônomo do time diminui o seu valor como gestor.

Já os gestores que preferem trabalhar sozinhos e têm dificuldades para se comunicar com o grupo podem se tornar ainda mais isolados em tempos de quarentena. Sem a obrigação de dividir espaços no escritório, a comunicação desses líderes com o time pode se tornar fria e distante, reduzindo a rede de apoio dentro da equipe e aumentando o clima de incertezas frente ao silêncio e isolamento do gestor.

Líderes que têm dificuldades para lidar com o novo ou incerto também podem sofrer diante da perspectiva de ter que abandonar determinados projetos e acabam gastando tempo e energia (sua e da equipe) no esforço de manter vivas ações que não fazem mais sentido no novo contexto.

É preciso estar atento: a quarentena põe uma lupa sobre nós mesmos e nos convida a rever nossos valores e nosso modelo mental.

#3 Comunicação é ainda mais importante na quarentena

A comunicação é uma das habilidades e um dos papéis mais importantes do líder. Ao se comunicar, o líder dá uma ideia de cenário e direção; informa e mobiliza as pessoas; ouve as necessidades e preocupações do time e compartilha os seus próprios sentimentos.

Em tempos de quarentena, essa tarefa é ainda mais importante: com as pessoas trabalhando remotamente, e diante de tantas notícias ruins na TV, o sentimento de insegurança cresce e a produtividade cai. O líder precisa falar!!

Isso é especialmente importante porque, trabalhando de suas casas, as pessoas perdem o contato com elementos tangíveis da empresa: o prédio, as rotinas, os produtos. O gestor passa a ser um dos poucos elementos concretos e aglutinadores que recriam a noção de time, cultura e pertencimento.

#4 As pessoas são diferentes e a diferença continua válida na quarentena

Umas das maiores demonstrações da maturidade de um líder é reconhecer e valorizar as diferenças nas sua equipe, adaptando a sua forma de gestão às necessidades e ao perfil de cada pessoa. Pessoas com perfis mais arrojados, empreendedores e cheios de energia precisam de desafios e de espaço para voar. Não gostam de detalhes em excesso, precisam de praticidade e autonomia e, com as condições adequadas para trabalhar, podem entregar bons resultados. Excesso de controle pode reduzir a sua performance e o seu interesse pela tarefa.

Por outro lado, há pessoas mais meticulosas e orientadas à qualidade e precisão; querem ter certeza de ter entendido bem a tarefa e precisam de parâmetros e especificações claras. Elas podem sentir mais a necessidade de conversar ao longo do processo para garantir que estão no caminho certo.

Essas diferenças continuam válidas na quarentena e são o parâmetro de orientação do gestor na escolha das formas de se comunicar com sua equipe.

Para algumas pessoas, reuniões on-line rápidas com instruções objetivas de trabalho são o suficiente para mantê-las engajadas na tarefa. Outros colaboradores, porém, precisam de contato mais próximo, com conversas individuais, pontos de checagem e contatos mais frequentes – abrindo uma janela para discutir e alinhar o trabalho que está sendo feito.

#5 É preciso repensar as formas de medir e acompanhar a performance

O trabalho remoto tornou ainda mais evidente a necessidade de substituir o controle por outras ferramentas de gestão, com o alinhamento de expectativas e objetivos individuais e coletivos, o uso de indicadores e a definição da governança  – estabelecendo claramente o nível de autonomia e os processos de decisão e aprovação no time. Algo que já era importante na velha rotina e agora se torna essencial para manter a coesão da equipe e dos processos.

Também é preciso repensar a forma de avaliar a performance dos colaboradores em home-office. Medir o engajamento das pessoas pela sua presença on-line (luz verde, luz amarela) ou pelo tempo de resposta às mensagens da liderança é um gesto de insensatez e só transfere para o time uma ansiedade que é do gestor. O desempenho das pessoas precisa ser avaliado com base em indicadores claros (e relevantes para o momento) e na qualidade do serviço e das entregas feitas a clientes internos e externos – considerando o contexto único que vivemos.

 

Veja abaixo a Live sobre o tema “O líder na quarentena”, com Angela Halat Portugal e Edson Tubaldini . Aproveite e inscreva-se em nosso canal para ter acesso a informações e conteúdos que vão ajudar você na gestão da sua empresa e dos seus negócios.

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