Construir um legado e ser lembrado por tudo que fez pela empresa e pelas pessoas é uma aspiração comum entre as lideranças. Mas construir legado custa caro e poucos estão dispostos a pagar o preço. E o primeiro preço a ser pago pode ser a sua popularidade!
A construção de um legado significa, com frequência, tirar as pessoas da zona de conforto e convidá-las a fazer um esforço e até sacrifícios em nome de uma visão de futuro que ainda não é suficientemente clara e da qual não há certeza nenhuma de sucesso. Para construir legado, às vezes é necessário desafiar convicções, transformar hábitos e até valores.
A aspiração de deixar um legado pode fazer de você um inconveniente, assim como é a construção de uma grande estação de metrô ou um viaduto. A importância da obra não impede que os vizinhos (mais afetados pela construção) reclamem da sujeira, dos impactos no trânsito, da mudança na rotina, do barulho, da queda das vendas no comércio. Os impactos de uma grande obra, como a construção de um legado, produzem cara feia e má vontade. E nem todo mundo está preparado para lidar com problemas de baixa popularidade e com o sentimento de não ser bem quisto no grupo (algo impensável na nossa escala de valores contemporânea).
Construir algo importante, como um legado, é um compromisso altruísta com o futuro e significa, muitas vezes, abrir mão de ser querido e de ter o reconhecimento imediato de pares e liderados em prol de um objetivo maior. É trocar o prazer e a gratificação imediata, tão importantes no nosso mundo de likes, pela responsabilidade pessoal.
Para altos executivos, a tentação de agradar as pessoas (ou de parecer bem na foto ou no post) pode causar resultados desastrosos, com a adoção de medidas de impacto positivo a curto prazo, mas que põem em risco a sustentabilidade da empresa ao longo do tempo. As melhores escolhas estratégicas nem sempre são compreendidas de imediato e requerem um esforço enorme de negociação e diálogo para ganhar o apoio necessário.
A construção de um legado requer visão de futuro, convicção pessoal, resiliência e autoconfiança para lidar com a rejeição e as adversidades, além de disposição para se sacrificar por outras pessoas ou por uma causa. Um esforço cujo valor só será mesmo calculado com o passar do tempo: apenas a visão em retrospectiva permitirá saber se foi um gesto de genialidade ou de insensatez.
Muitos falam, mas poucos estão dispostos a fazer essa escolha. Especialmente nos dias de hoje, o mundo e as empresas precisam de líderes capazes de construir legado e de manifestar um propósito: ao provocar mudanças e mobilizar pessoas, eles ajudam a construir pontes necessárias para o futuro.
Construir legado requer tirar as pessoas da zona de conforto, convidá-las a fazer pequenos sacrifícios e desafiar hábitos, convicções e valores.
Construir legado é fazer um investimento de longo prazo e abrir a mão do reconhecimento e da gratificação imediatos em prol de um futuro desejado.
O preço de construir legado pode ser a popularidade. É uma tarefa que requer convicção pessoal e resiliência para lidar com as adversidade e se manter fiel às suas escolhas.
O mundo precisa de construtores de legado!
Buscando atingir seus objetivos, Pedro tomou medidas impopulares para a época. Para conhecer mais sobre a ciência e a tecnologia disponíveis, enviou (contra a vontade) os filhos da aristocracia para estudar na Europa e aprender a fabricar navios. Viajando no anonimato, o próprio Pedro liderava o grupo, trabalhando às vezes como um carpinteiro. Além de se familiarizar com novas invenções, o czar aproveitava a viagem para arrebanhar estrangeiros competentes que estivessem dispostos a morar na Rússia e se juntar ao esforço de modernização do país.
A conquista do mar ao norte custou à Rússia a uma guerra de 20 anos contra a Suécia. E a recém-criada marinha russa teve um papel determinante para que o país saísse vitorioso do conflito. Um símbolo dessa vitória foi a construção de San Petersburgo, uma cidade erguida sobre pântanos, com uma arquitetura claramente inspirada nas grandes cidades europeias e alçada por Pedro à nova capital do país (para desespero de muitos).
No seu esforço para tornar a Rússia mais europeia, Pedro determinou mudanças na forma de se vestir da aristocracia e chegou a taxar e proibir os russos de usar as longas barbas que caracterizavam os mais ortodoxos. Com a própria espada, o czar cortava a barba daqueles que resistiam à nova regra.
Tantas mudança e projetos geravam insatisfação. A guerra e a construção da capital drenavam dinheiro e vidas, impondo sofrimento à população. As reformas e mudanças com inspiração europeia eram vistas como uma afronta pelos grupos mais tradicionais. Se houvesse uma pesquisa de opinião na época, a aprovação de Pedro certamente seria baixa em muitos momentos, com questionamentos sobre a validade e o sentido de suas iniciativas.
Vista em perspectiva, porém, a gestão de Pedro contribui de forma definitiva para o fortalecimento e modernização da Rússia. Além do legado pessoal, Pedro foi ainda inspiração para outra importante imperatriz Russa (Catarina, também chamada de “a Grande”). Com ações controversas à época e criticado por seus contemporâneos, Pedro obteve o reconhecimento da história e deixou um legado para seu país e uma pergunta para os líderes atuais: como escolher um caminho e se manter fiel à convicção de que essa é a melhor escolha, diante da desaprovação, da resistência e até do sofrimento de seus pares e liderados?
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Construir um legado pode custar sua popularidade – Histórias de liderança
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Muito bacana Ângela, espero ter resiliência e autoconfiança suficiente para superar todos as provas. Um abraço.